domingo, 9 de novembro de 2008

Ameaças à biodiversidade (cont.)

A perda total ou parcial do habitat constitui a amior ameaça.
Sabemos que as florestas tropicais são riquíssimas do ponto de vista da biodiversidade, por exemplo, o entomólogo Wilson, encontrou na floresta tropical 43 espécies de formigas apenas numa árvore, tantas espécies quantas as que existem nas ilhas Brítânicas. No entanto ,como já se referiu anteriormente, já eliminamos 40% destes ecossistemas. Mesmo que parte destes territórios sejam afectos à agrícultura ou silvicultura, estas actividades são actualmente manipuladas e geridas segundo o ponto de vista estritamente económico. Perservando algumas áreas, mesmo que enormes, não deixamos de fragmentar estes ecossistemas. Junto aos limites ou fronteiras destas zonas os factores abióticos,como por exemplo, a luminosidade, humidade, precipitação, acção do vento ou temperatura são distintos. A introdução de espécies exóticas é mais facilitada. Estudos realizados no Brasil, demostram que a perda de espécies é sempre maior, quanto maior for a fragmentação do habitat.
Outro bioma seriamente ameaçado é o dulçaquícola. A água doce, exepto glaciares e aquíferos, representa apenas 0,oo3% da superfície terrestre, mas são o habitat de 10% de espécies de peixes. Mas não são apenas os Vertebrados, cerca de 25000 espécies de insectos dependem durante o seu ciclo de vida da água doce.
Vejamos o que se passa nos lagos africanos da zona do Rift Valley, os lagos Tanganiaka, Malawi e Victória este último mais degradado. Com aproximadamnete 1450 espécies de peixes, cerca de 76% são endémicos, funcionam como que "ilhas de evolução".Verificam-se situações de acelerada especiação, para alguns mais significativa que a verificada nas Galápagos. Mas também aqui os ecossitemas se encontram ameaçados: pesca excessiva, poluição industrial e mineira e da agricultura intensiva, introdução de espécies exóticas e o excesso de sedimentos devido ao aumento da erosão dos solos.
De um modo geral, e para além do já referido, ecossistemas mais ricos,onde as taxas de evolução são mais elevadas, como os mangais, pantanais, florestas temperadas, zonas mediterrânicas e recifes estão seriamente ameaçados. Na verdade é a biosfera que se encontra ameaçada. Assim
não basta circunscrever a conservação a parques ou reservas naturais. Até porque as ameaças são globais.Chuvas ácidas, o excesso de radiação ultra violeta , a poluição generalizada da hidrosfera, ou o aquecimento global, não só não conhecem limites como também, em maior ou menor grau, resultam da actividade de todos nós. Esperar que a ciência resolva o problema da perda de biodiversidade, por si só, não é a solução. É uma questão que exige o envolvimento de toda a Humanidade.

6 comentários:

Paulo Proença disse...

Olá
Concordo que os parques são insuficientes mas servem os seus objectivos restritos e são um bom ponto partida para a consciencialização do mundo...mas para ter um efeito global todo o mundo teria que ser uma zona protegida e actuar segundo as regras estabelecidas para a manutenção sustentável do ecossistema.
Bom trabalho

A. Gonçalves disse...

"Perservando algumas áreas, mesmo que enormes, não deixamos de fragmentar estes ecossistemas."

Este é o desafio que o Homem propõem sempre à Natureza! É como se fosse uma concessão tipo "preservo-te se me deixares rentabilizar uma das partes" ...

"Assim não basta circunscrever a conservação a parques ou reservas naturais"

A Natureza não reconhece esses limites físicos!

A propósito da riqueza biológica, um carvalho, da nossa flora, abriga cerca de 30 espécies.

joão martins disse...

a humanidade ainda balança entre a atitude de desconfiança da ciência quando esta lhe anuncia problemas ambientais e a crença quase cega de que não nos acontecerá a nós o apocalipse anunciado da degradação irreversível da Biosfera

A. Gonçalves disse...

A propósito das AMEAÇAS À BIODIVERSIDADE, o nome do blogue é com vista à preservação da espécie ou um convite à sua degustação!

Aníbal, atenção às autoridades fiscalizadoras!

Felicidade disse...

A fragmentação pode ter causas naturais ou antropogénicas. No caso das primeiras nada se pode fazer mas relativamente às segundas, palvez se consiga mudar uma auto-estrada ou impedir o abate de um montado para a construçãode infra-estruturas turísticas em nome do interesse público, não era assim?

Elisabete Chaves disse...

Olá, com tanto falar em bacalhau vou agora jantar bacalhau e comemorar o São Martinho.
Em relação ao trabalho, penso que todos nós conseguimos indicar muitas ameaças a biodiversidade e apontar causas naturais e causas antropogénicas. Não sei se era bom perservar todas as espécies e evitar que surjam outras? Concordo com a existência de zonas protegidas pois sei que temos mesmo que poluir outras, pelo menos por enquanto. Temos de investigar mais, temos de investir mais na ciência, de modo a obter os produtos que precisamos sem prejudicar tanto os ritmos naturais.
Ninguém quer que as fábricas fechem, que os hospitais encerrem, por serem realidades humanas e não naturais, pois não?
Fica bem